Duas obras da mangaká Yumachi Shin [Desabafo: Não confunda amor com abuso]
Olá,
Hoje temos o segundo post da série "Não confunda amor com abuso". Nesse post eu irei abordar duas obras da autora Yumachi, Shin.
O que mais existe em mangás direcionados ao público feminino (shoujo e josei) são exemplos de relacionamentos e comportamentos abusivos. Para mim, o pior é que os mangás escritos para esses públicos alvo são escritos por mulheres. O que acaba acarretando que as próprias mulheres contribuem para a naturalização desse tipo de comportamento e relacionamento, ao apenas apresentarem essas questões e não problematizá-las. [Claro que nessa questão é necessário levar em conta que existe a pressão dos editores e revistas, o que muitas vezes tole a mangaká de direcionar a sua obra da maneira que ela deseja...]
Para mim, as obras da Yumachi, Shin são um exemplo extremado dessa realidade. Eu só li dois mangás dela, porém, os comentários dos leitores alertavam que esses enredos estão presentes em todas as sua obras. O que mais existe em mangás direcionados ao público feminino (shoujo e josei) são exemplos de relacionamentos e comportamentos abusivos. Para mim, o pior é que os mangás escritos para esses públicos alvo são escritos por mulheres. O que acaba acarretando que as próprias mulheres contribuem para a naturalização desse tipo de comportamento e relacionamento, ao apenas apresentarem essas questões e não problematizá-las. [Claro que nessa questão é necessário levar em conta que existe a pressão dos editores e revistas, o que muitas vezes tole a mangaká de direcionar a sua obra da maneira que ela deseja...]
É muito raro eu me arrepender de ter lido algo, mas, eu realmente me arrependo de ter cruzado com obras da autora Yumachi, Shin.
Eu acabei cruzando primeiro com Namete, Kajitte, Tokidoki Medete [Tradução para espanhol: Totoro Fansub]. Nessa história, a desafortunada protagonista Haru enfrenta o abuso físico e moral de Seishirou em praticamente todos os capítulos disponíveis. Não tem um capítulo em que ela não sofre nas mãos dele, seja ele a beijando e a tocando sem a sua permissão, seja através de abuso moral na qual ele sempre a ameaça ou no seu comportamento extremamente possessivo e ciumento. A menina está sempre chorando por causa das ações dele...ele até mesmo a deixou sem a roupa intima na escola...¬¬
Em um dos últimos capítulos que eu li, o Seishirou se confessa para a Haru, ele pergunta o que ele deve fazer para que ela se apaixone por ele....SOCORRO, como assim?! Sério que você ama ela? Que tipo de amor doentio é esse? Vamos mostrar para as leitoras que isso não é amor?
Não, obviamente todo o comportamento do Seishirou não são problematizados pela autora. Claramente tudo será perdoado no futuro em nome do "amor", pois, todo esse comportamento do Seishirou é uma expressão do seu "amor" pela Haru..."tadinho dele, ele não sabia como se expressar", essa é desculpa que os leitores tem que engolir.
Não, obviamente todo o comportamento do Seishirou não são problematizados pela autora. Claramente tudo será perdoado no futuro em nome do "amor", pois, todo esse comportamento do Seishirou é uma expressão do seu "amor" pela Haru..."tadinho dele, ele não sabia como se expressar", essa é desculpa que os leitores tem que engolir.
O outro mangá que eu li dessa autora foi Love x Love Game [Tradução para espanhol: Totoro Fansub]. Nesse mangá, temos um amor entres dois amigos de infância ...a história é super clichê e mal trabalhada e eu só continuei lendo pq ela era super curta e eu não tinha me ligado que era da mesma autora de Namete, Kajitte, Tokidoki Medete até quase o final...pq senão eu nem teria lido.
No último capítulo temos uma sequência de violação, sim, de estupro. A definição de estupro é o não consentimento mútuo do ato. Nessa cena, a protagonista Kotoha claramente não está de acordo com ter a relação com o Kanade na escola, ela afirma que não eles deveriam fazer aquilo ali e sim mais tarde, ela fala consecutivos "nãos". Porém, o Kanade afirma que "não pode se conter", aquelas frase clichê de muitos mangás. Depois do ato consumado, a Kotoha perdoa o Kanade e diz que não teria como não amá-lo. Depois dessa sequência, a minha raiva e indignação explodiram a níveis astronômicos.
No último capítulo temos uma sequência de violação, sim, de estupro. A definição de estupro é o não consentimento mútuo do ato. Nessa cena, a protagonista Kotoha claramente não está de acordo com ter a relação com o Kanade na escola, ela afirma que não eles deveriam fazer aquilo ali e sim mais tarde, ela fala consecutivos "nãos". Porém, o Kanade afirma que "não pode se conter", aquelas frase clichê de muitos mangás. Depois do ato consumado, a Kotoha perdoa o Kanade e diz que não teria como não amá-lo. Depois dessa sequência, a minha raiva e indignação explodiram a níveis astronômicos.
Mas, o pior estava por vir, os comentários dos leitores. Muitos dos leitores, principalmente as leitoras, se indignaram com a cena e afirmavam que aquilo era um estupro. Porém, tivemos comentários que não viam aquele ato como estupro, pois, a Kotoha havia consentido em fazer depois [HÃ?! Se era depois então ela não tinha consentido naquele momento, não é?] ou pior tinha um comentário que amou a sequência, aquele típico "KYAAA ele ama ela". Como eu fiquei preocupada, muito preocupada, como esses comentários, pois, eles são a confirmação de todas as minhas preocupações em relação a naturalização dos comportamentos e relacionamentos abusivos. Algumas pessoas não conseguem mais enxergar o que seria ou não um estupro e pior acham esse tipo de comportamento é normal para uma pessoa apaixonada [SOCORRO x2].
Para mim, um dos perigos da naturalização e não contestação dessas questões é que parte do público [lembrando que o público alvo dessas obras são garotas entre 10 e 18 anos] pode ser suscetível e ser influenciado pela obra a acreditar que esses tipos de comportamentos como parte de uma relação afetiva saudável ou que eles correspondem a expressão dos sentimentos de "amor".
Para mim, um dos perigos da naturalização e não contestação dessas questões é que parte do público [lembrando que o público alvo dessas obras são garotas entre 10 e 18 anos] pode ser suscetível e ser influenciado pela obra a acreditar que esses tipos de comportamentos como parte de uma relação afetiva saudável ou que eles correspondem a expressão dos sentimentos de "amor".
Isso aqui é minha opinião, tá? Opinião cada um pode ter a sua, eu respeito a sua e você respeita a minha.
Eu fico por aqui.
Inté!
Inté!
O/
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Mais informação sobre o tema:
A Valéria Fernandes do Shoujo Café, tem um trabalho onde ela explora o papel da representação feminina nos quadrinhos na cultura do estupro. Aqui
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Links para leitura
Ler Love x Love Game em espanhol = TuMangaOnline
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